domingo, janeiro 25, 2015

Lembranças da fazenda, do engenho e do calabouço

E eis que estávamos na Fazenda da Mata, reino outrora comandado pelo meu avô Tunico Sousa e seus filhos: o carreiro Marcelino (meu pai), Tiberó, Tijosias, Tirani, Tiita, Tiodílio... 
Andamos a cavalo, moemos cana, nadamos... São tantas coisas para fazer e a gente vai pulando de uma para outra a cada momento.
Atualmente, a Fazenda tem o comando de Tiosvaldo e Tialeide, Zé e Nelson do Tiberó, Tioracílio... 
Aqui Davi andou tanto no cavalo com o primo Diego, como sozinho na égua "Gaúcha", que ele chamava de "Garrucha". 

Me lembrei dos nossos tempos de criança. Já cavalguei muito por essas pastagens que percorri com meu netinho. Ele ficou encantado.

E enquanto passeávamos fui recordando dos tempos em que morei nessa região.
Naquele tempo, praticamente não havia cimento. O reboco era feito com barro branco (principalmente o fogão de lenha) e também com uma mistura de terra com "bosta de vaca" (para dar liga). Na cobertura se usava palinha, que também era a matéria prima para fazer vassouras.

A água encanada chegou até as casas. Outrora, era somente a água da bica. Havia os monjolos para socar o arroz, o café em coco e o milho para canjica. 

Eu me lembro do engenho de ferro e do grande canavial. Buscávamos as canas para moer com o carro de bois. Da cana moída fazíamos açúcar mascavo, cachaça, rapadura, melado. Também tomávamos garapa na boca do engenho.

O engenho era movido a bois. Uma parelha ou duas puxava o engenho. Tachas e tachas de garapa eram cheias de garapa, que, aquecidas em muitos graus nas grandes fornalhas, em grandes tachas de cobre, se transformavam em melado...

O tempo da moagem de cana era uma festa. Movia muitas pessoas. A gente levantava de madrugada para buscar os bois na invernada.
Hoje não tem mais os carros de bois, nem os grandes engenhos. Não fazemos mais cachaça, açúcar e rapaduras. Mas ainda temos canas para moer. Mas o engenho é manual.

Minha prima Layla queria fazer melado. Não animei a tanto, mas fui ao quintal e cortei umas canas. Meu primo Renan, irmão de Layla, foi comigo buscar as canas. Eles são filhos de Tiáguida, grandes companheiros de aventuras no pé da serra.

Agora o engenho é manual. Preparamos as canas. Lavamos o engenho. 

Houve grande movimentação em torno dessa aventura. Até Tiosvaldo, Tialeide, Tiáguida e Lourdes (minha esposa) participaram.

O engenho, novamente lavado foi devidamente untado para ficar mais leve. E então mandamos ver. Tiosvaldo e eu tocamos o engenho. Tialeide e Tiáguida colocaram as canas. Renan pegava o bagaço. Lourdes aparava o caldo de cana. Revezávamos nas tarefas. Finalmente acabamos e todos nós nos deliciamos com um copo de caldo de cana caprichado. E depois da moagem, mais piscina!

De manhã, no café da manhã, além de bolo e pão com mussarela feito na fazenda, também havia caldo de cana gelado. É isso que é bom na fazenda. 

A vida é bem simples, mas há muita fartura.
No local do antigo calabouço agora existe uma piscina. Eu gostava de tomar banho de calabouço. Agora tomamos banho de piscina, o que é muito bom.

Em nossa chegada na fazenda, Davi foi correndo para a piscina e já foi logo tirando a roupa e entrando na água. 
Tiáguida pulou junto para protegê-lo. 
Mas o garoto é esperto. Também entrei logo na água. Mariza também! E aproveitamos ao máximo. 
Fiamos até de noite. A água estava. Uma delícia!

E então jantamos, relembramos histórias, vimos fotos e fomos dormir.

Foi uma maravilhosa tarde na fazenda!

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