sexta-feira, abril 02, 2010

O morro da provisão.

Visita da Tia Maria, com o genro Sebastião e família.


Goiânia, GO, sexta-feira da paixão, 02 de abril de 2010, 19 horas

O morro da provisão.

Hoje foi um dia tranquilo no apartamento 407 do Hospital Neurológico de Goiânia. O interno Ricardo Resplandes passou bem. Alvo de nossas preocupações e angústias nos últimos dias, ele agora é motivo de nossas alegrias e agradecimentos. Hoje ele ainda teve dores de cabeça, mas foi leve e em apenas alguns momentos do dia. O Dr. Walter esteve aqui de manhã e o encontrou sentado, tomando o café da manhã. Ficou eufórico. Fez testes com o Ricardo para ver como estava o movimento dos braços, a força dos dedos... Ele está muito satisfeito com a recuperação do Ricardo. As enfermeiras disseram que ele costumava ir para Minas Gerais durante a Semana Santa. Mas, ele nos disse que não tinha chácara e nem fazenda para ir este ano e que ficaria aqui o final de semana.

Ao que tudo indica, Ricardo receberá alta amanhã de manhã. Então iremos para a casa da "Tia Dalva", irmã de Lourdes, onde ficaremos durante a próxima semana. Deveremos viajar para casa no domingo que vem.

Aqui no hospital, Ricardo comeu bem, andou pelo quarto, sentou na cadeira e até acessou o computador por alguns minutos. Tudo está voltando ao normal, graças a Deus.
Como bem lembrou o meu amigo Prof. Luís Carlos Ferreira, geo-historiador e poeta poxorense, a nossa história teria um paralelo na história de Abraão, quando ele subiu o monte da provisão para oferecer seu filho em sacrifício ao Senhor. Naquela ocasião, o Senhor não permitiu que Isaque fosse sacrificado, provendo outros meios para o sacrifício. É realmente uma história de grande coragem. Mas a semelhança com a nossa história é pequena.

É verdade que nós estávamos muito apreensivos antes da cirurgia. O médico me advertira dos riscos que estavam envolvidos na operação. Mas também nos falou das consequências da omissão. E então decidimos assumir os riscos e autorizar a cirurgia. O nosso coração estava nas mãos. Durante a operação fiquei à porta do centro cirúrgico, nervoso e preocupado. Ficamos mais aliviados quando o médico veio conversar conosco para dizer que tudo tinha corrido bem. Animamos mais ainda com as informações de nosso filho mais velho, Fernando Resplandes, que acompanhara a cirurgia dentro do centro cirúrgico. Mas a apreesão vem diminuindo a cada manhã, a cada tarde e noite. Agora temos a certeza de que Deus providenciou outro carneiro para o sacrifício e que nosso filho foi poupado.

Recebemos muitas visitas hoje. Na parte da manhã o Dr. Adauto Barbosa e sua esposa Vânia vieram nos ver. Trouxeram uma bandeja com deliciosa canjica... Conversamos. Recordamos histórias do Amapá, de Poxoréu, de Goiás... Ele me levou para conhecer a sua casa. Antes, porém, fomos até a Praça Tamandaré, onde ele comprou jornais, sorvetes do cerrado e que insistiu para que eu levasse para o quarto. Um excesso de gentileza, cortesia e hospitalidade. É muito bom ter amigos quando se está distante. Eles não deixam a gente perceber que está longe de casa. Fazem com que o “longe” seja melhor do que o “perto”.

A nossa família também não ficou ausente: Dr. João Cascalho e esposa, Adriano e Dalva, Sgto. Darcy e família, minha irmã Luísa, Tia Maria com se genro Sebastião e toda a família. Tiveram que ficar esperando na recepção, para não superlotar o quarto. Fernando (meu filho) ficou a tarde toda. E agora à noite, a Tia Dalva nos trouxe o jantar e o Dr. Adauto voltou novamente. Quem tem amigos não morre pagão. Dou nota dez para a família e amigos aqui de Goiás. Também dou a mesma nota para os filhos de Poxoréu que ligaram para nós nesse dia, dentre os quais destaco o Prof. Luís Carlos Ferreira, a Francisca do Paraguai e a minha filha Mariza, para representá-los, tantos foram. Obrigado a todos pela amizade.

No final do dia Ricardo falou ao telefone com a irmã Mariza Resplandes. A sua voz estava agradável e o seu ânimo renovado. Ele falava e sorria com entusiasmo. Já estava discutindo o corte do cabelo: se fazia um corte moicano ou se rapava a cabeça toda. Nós achamos que o melhor seria cortar baixo.

Toda essa conversa e discussão nos mostraram que o pesadelo já passou. Como já disse, outro carneiro foi suprido para o sacrifício, já estamos descendo o morro de volta para casa e o Ricardo já está mandando beijos para as meninas e abraços para os homens... Ou seja, já está sabendo o que é bom.

A paz está voltando a reinar em nossa família. Nessa noite deveremos ter um sono tranquilo e reparador. É provável que eu também venha a dormir e somente o meu ronco poderá prejudicar a qualidade do sono de Lourdes e Ricardo.

Que o Senhor esteja com todos. Abraços.

Izaias Resplandes

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