quarta-feira, maio 10, 2006

A última esperança

Izaias Resplandes

Onde estás que os homens não te encontram?
Eles clamam por ti, pois são pobres
E se vêem náufragos da miséria,
humilhados!
Esquecidos da fortuna,
Até da alegria e paz consigo mesmos,
vivem a fome:
Mina que lhes minam
Até a minguada ânsia de esperança
Que lhes restam, de terem cor e calor,
Em melhores dias contigo, ó Justiça!

Choram sobre o suor; regam a terra
Esperando os frutos que não lhes dás;
Esperando as folhas verdes
Brotarem do vermelho sangue
Que seus corações sofridos
Orvalham sobre a terra.

Onde estás, se é que existes
E não passes de utopia
Para desesperados mortos de fome?
Onde te encontras, que buscam e não te acham,
Se é que estais em algum lugar deste Universo infinito?

Dais lugar à incredulidade
E, à fé, destróis,
Se não voltares ao mundo
Para acabares com as desgraças que lhe acabam!
Sois a última esperança, ó Cristo,
Deste mundo sofrível que ainda acredita:
"Um dia haverá justiça!"
Volte, antes que seja tarde demais
Até para a esperança continuar existindo na Terra.

Poxoréo, 19 de dezembro de 1983

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