domingo, outubro 12, 2008

A visão do gênio


A Noite Estrelada
Vincent van Gogh, 1889
óleo em tela, 73 × 92 cm
Museu de Arte Moderna de Nova York
Acesso em 12 out. 2008.

Com freqüência, me parece que a noite é mais viva e mais colorida do que o dia
(Vincent van Gogh apud André Petry. In: O espetáculo noturno. Veja. Edição 2080, ano 41, n. 39, 01 out. 2008, p. 163-164).

O excesso de luz cega. Basta olhar ao sol do meio dia. Não dá para se ver direito. E porque buscávamos as respostas às nossas indagações lá no muito iluminado além do céu, nós pouco ficamos sabendo das coisas daqui, de nossa obscura Terra e que estão mais pertos de nós, como de nós mesmos, por exemplo.

Para se ver direito é preciso muita atenção. As muitas luzes desviam o foco e iludem nossa visão. Para se ver de fato é suficiente um filete de luz. Então prestamos muita atenção para ver se conseguimos ver o que às vezes nem existe para ser visto, mas que pensamos estar lá sob o foco do nosso foco. É nesse momento que vemos os reflexos da nossa imaginação, da nossa criatividade, da na nossa mãe-Terra e do nosso eu interior. Então descobrimos que a beleza daqui é tão bela quanto a beleza de lá e as aves, se elas gorjeiam por lá, com certeza também gorjeiam por cá.

A obra do Criador é uma só, sempre perfeita e maravilhosa em qualquer parte de sua infinita extensão. E o melhor de tudo é que os detalhes de tal esplendor podem ser vistos em qualquer recorte que dela se faça. Todavia, com toda certeza, é mais fácil de se ver o que está perto, do que aquilo que está longe; o que é visível nas penumbras do entardecer, do que o que se oculta na luminosidade do sol a pino. Então descobrimos que, às vezes, o pouco é melhor do que o muito. E é por isso que a visão do gênio é maior.

A maioria das pessoas procura ver onde tem muita luz. E então são iludidas. O macro é grande demais para ser visto pelo nosso diminuto ângulo de visão. A maioria pensa que vê, mas não vê. O gênio também tem, mas não usa esse olhar comum. Ele está entre os poucos que conseguem ver um pouco do pouco que se vê onde ninguém nada vê. É por isso que é gênio. O resto não passa de ilusão de ótica. É a visão de alguém que não tendo os olhos certos para ver, ainda assim imagina que tudo vê. Isso sim, não é visão. É imaginação.

Poxoréu, MT, 12 de outubro de 2008.

Izaias Resplandes de Sousa

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