sábado, janeiro 12, 2008

A conquista do mundo


Introdução

As pessoas são diferentes umas das outras. Isso é o que faz da humanidade o conjunto dos seres mais belos de toda a criação. Nenhum é igual ao outro. Mesmo os gêmeos idênticos têm suas particularidades que os singularizam.
Todavia, o fato de serem diferentes, não capacita os homens para viverem como ilhas, cercados de gente por todos os lados, mas sozinhos. Pelo contrário. As diferenças de um complementam as faltas de outros. Assim, unidos por essas características que ampliam suas possibilidades de ser e de ter, os homens buscam agregar-se em grupos os mais diversos, dentre os quais se destacam a família, a igreja, o partido político, o grêmio esportivo ou recreativo, a associação de moradores, a cidade, o Estado, a Nação, a humanidade. Desta forma, busca-se a conquista e o domínio dos mais diversos espaços de convivência e de poder.
A conquista do mundo de Deus cuida de algumas questões pertinentes à religião cristã, que poderão ser de grande valia para a melhoria da qualidade de vida do homem. Para avançar, faz-se necessária uma boa compreensão do que seja a religião no sentido lato da expressão. Há tantos conceitos. Um de grande valia é o de A. B. Langston[1], para o qual, a religião é “a vida do homem nas suas relações sobre humanas, isto é, a vida do homem em relação ao Poder que o criou, a Autoridade Suprema acima dele, e ao Ser invisível com Quem o homem é capaz de ter comunhão”. E ele conclui que a “religião é vida com Deus”.
O projeto de vida cristão é adotado por um terço da população mundial com finalidades espirituais e/ou materiais. Há muita gente que pensa apenas no céu, enquanto outras tantas pensam tanto no céu, quanto na terra. Mas existem aquelas que não conseguem sair do chão. A conquista do mundo de Deus chama a atenção para essa questão de ordem. Alerta aos outros dois terços não-cristãos da população, que o projeto dos cristãos é um bom alvitre mesmo para aqueles que não estão preocupados com a salvação espiritual de suas almas e que se preocupam apenas em manter um bom relacionamento com seus semelhantes. É uma proposta de reflexão envolvendo a possibilidade de adequação dos instrumentos de conquista do mundo espiritual para a conquista do mundo material.
A viabilização do projeto é natural. Nenhuma pessoa que deseja conquistar o maravilhoso mundo de Deus pode ter um comportamento leviano em relação aos seus semelhantes. Todas as pessoas são importantes para o verdadeiro conquistador. Primeiro, porque ele sabe que ninguém é tão simples que não possa ensinar algo a outrem. Segundo, porque “ninguém é tão ignorante que não tenha algo a ensinar; e ninguém é tão sábio que não tenha algo a aprender”[2].
Jesus também nos ensina a ter a máxima consideração com o outro. Certa vez, sendo abordado por um homem que lhe perguntou a respeito do grande mandamento da lei de Deus, respondeu: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22:37-39).
Em que pese muitos pensarem o contrário, entendemos que não há como pensar em conquistar o reino de Deus, sem primeiro conquistar o seu mundo material. Este foi idealizado para servir como ponte de ligação entre os dois mundos. O físico é o ponto de partida para o ingresso no mundo divino. João Boanerges de Zebedeu faz a crítica àqueles que ignoram essa ordem natural, alertando: “Se alguém disser: amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê” (1 Jo 4:20).
Todos os homens necessitam aperfeiçoar a sua convivência com os demais. O universo é a grande oficina, o teatro onde são encenados todos os sonhos da humanidade, por mais absurdos que possam parecer e que devem ser respeitados. Aquilo que hoje é incompreensível, amanhã poderá ser a grande descoberta. Mesmo que uma pessoa não possa ver a realização de seu “sonho maluco”, quantos deles não se transformaram em realidade pela loucura de outros que também acreditaram naquela possibilidade.
É de destacar que o homem é um ser completamente dependente dos demais. Dentre todas as espécies de seres vivos, talvez seja o que mais necessite dos outros. As tartarugas, por exemplo, nascem sozinhas e, embora muitas sucumbam ante a ação dos seus predadores naturais, não são poucas as que conseguem sobreviver. De igual sorte, em que pesem alguns casos isolados como o de Rômulo e Remo que, segundo a lenda teriam sido criados por uma loba, se os bebês humanos forem largados à própria sorte após o seu nascimento, fatalmente morrerão.
A propósito do assunto, Amaral Fontoura[3] registra: o filósofo grego Aristóteles há muito enunciou “o princípio fundamental da Sociologia: - o homem é um animal político”. ‘Político’ significa que só pode viver na ‘polis’, na cidade, em agrupamentos. Hoje dizemos, com a mesma significação, que o homem é um animal social, visto que a palavra político tomou sentido diverso. Com efeito, o homem é um animal rigorosamente social: não vive nem pode viver isolado. Deve o início da sua vida a uma sociedade – a sociedade biológica formada entre o marido e a mulher. Cresce no seio de uma sociedade: a família. Depois vai para outra sociedade: a escola. E assim passa sua existência de uma sociedade para outra: do grupo de estudo para o grupo de trabalho (a profissão), para o grupo de recreio (o clube), para o grupo político, para o grupo religioso, etc. O simples jantar de todo dia se passa no meio de um grupo de parentes ou amigos. E mesmo depois de morto ainda é levado à última morada por um grupo...
O relacionamento com os demais é a característica mais destacada do projeto de vida cristã, o qual tem por fundamento a convivência harmônica entre os homens. Ao orientar seus discípulos, disse Jesus: “novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros” (Jo 13:34-35). João Boanerges reforça o princípio da boa convivência ao afirmar categoricamente que “aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor” (1 Jo 4:8).
É de salientar a conclusão de Jacques Delors[4], o qual, chefiando uma equipe de pesquisadores da UNESCO/ONU, concluiu que um dos quatro pilares da educação para o século XXI é o “aprender a conviver”. A convivência harmônica, mansa e pacífica entre os homens contribui para o seu crescimento. Juntos, eles se tornam mais fortes e, nesse sentido, com toda certeza, fica muito mais fácil conquistar o mundo, o que parece ser o grande desejo de todos.
A religião cristã ensina o homem a conviver em paz com o seu semelhante. Nesse sentido, o projeto de vida cristão, estruturado nas páginas da sua Bíblia Sagrada não é útil, por conseguinte, apenas àqueles que buscam a salvação de suas almas, senão a todos os que integram a humanidade e que também possuem desejos semelhantes. É nesse sentido a orientação de Paulo de Tarso aos filipenses: “Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo”[5].
Seja qual for o grande desejo de cada um... Se a conquista do reino de Deus ou, simplesmente, a conquista do mundo dos homens, essas reflexões foram escritas para auxiliar no cumprimento dessas missões, conjugadas ou isoladamente. A oração que se faz é para que Deus abençoe o conquistador em seu propósito, para que seja bem sucedido quanto aos resultados desejados.
Quanto às demais coisas, é certo que tudo tem seu tempo e sua hora, como também é cristalino que uma coisa mais simples sempre foi o ponto de partida para outras mais complexas. Certo homem tinha como princípio de vida apenas ambições terrenas. Ao conhecer o projeto de vida cristão, viu que poderia ir mais longe. Então sonhou com a conquista do mundo de Deus. Não se pode garantir que isso também venha acontecer com outras pessoas. Há uma coisa, porém, para qual não restam dúvidas: Deus, no tempo certo também irá esclarecer sobre isso.
Quanto às reflexões que formam esse opúsculo, as mesmas foram divididas em seis capítulos temáticos.
No primeiro, intitulado “o mundo de Deus”, apresentam-se alguns aspectos do mundo extraordinário a que as pessoas chamam Universo. Mesmo tendo colocado o homem para viver nele e lhe dito que poderia usufruir de tudo o que encontrasse ali, o Senhor não lhe revelou, de imediato, os segredos referentes ao seu lar. Em sua grande sabedoria, o Criador não entregou tudo ao homem “de mão beijada”. Ele sabia que se assim o fizesse, o homem não daria o devido valor ao presente. Então ele não negou, mas também não deu de pronto. Antes deixou toda a sabedoria que usara para criar o universo, oculta no próprio universo, dizendo ao homem que exercesse a sua conquista e o seu domínio. Essa é a diretriz analisada nas primeiras páginas.
No segundo capítulo, “o objeto da conquista” é aberto em mais detalhes. Um conquistador precisa ter clareza sobre o que pretende alcançar. Quem é o senhor do espaço pretendido? Deus? Satanás? Outros homens? A segunda reflexão pretende oferecer essas respostas. A palavra-chave da argumentação é “conhecimento”. Aquele que conhece tem o poder para agir, conquistar e dominar.
A terceira abordagem aponta a direção a ser tomada para a conquista do “mundo dos sonhos” de cada um. Aquele, cuja construção terá a existência de uma vida, razão porque precisa ser bem definido, para que não ocorram quaisquer desvios que venham inviabilizá-lo. A máxima que orientou o autor diz que tudo é possível ao que crê. Quem tem sonhos, tem a possibilidade de fazer milagres. Feito à imagem e semelhança de Deus, o homem tem dentro de si a capacidade para o infinito. Seja o que for e em qualquer que seja o lugar. O homem não deve medir esforços para construir e tornar realidade o mundo de seus sonhos.
O quarto capítulo traz orientações sobre “a escolha do sonho dos sonhos”. É próprio do ser humano desejar, querer e almejar. Entre tantas vontades é preciso escolher a número um. Aquela que corresponda ao sonho por excelência. Aquele que tornará infeliz a vida do conquistador se não for realizado. Esse é o mundo que serve de norte para a reflexão. A orientação é que não se avance enquanto não houver clareza a respeito de qual seja o sonho da vida.
Já no quinto ponto, são feitas algumas abordagens sobre “o planejamento do sonho da vida”. Destaca-se que não pode haver desvios na trajetória do conquistador. O tempo gasto por caminhadas erradas jamais será recuperado. Por isso, há que se terem bem claros todos os passos a serem dados. Uma vida planejada, com certeza será uma vida de sucesso.
O último capítulo enfoca “as parcerias” que devem ser formadas, para que “a conquista do mundo de Deus” seja bem sucedida em todos os seus termos. Elas são necessárias em todas as fases da vida. O conquistador deve ser humilde para buscar o apoio de bons conselheiros a fim de que possa prosperar em seus caminhos e obter as vitórias pretendidas.
Com toda certeza, existem muitas alternativas para se chegar a algum lugar. É evidente que o caminheiro, em diversos momentos de sua jornada, terá que optar por uma estrada em detrimento das demais. O roteiro ora apresentado não pretende ser mais do que realmente é, ou seja, apenas uma proposta de ação. Além disso, é de destacar que nenhum projeto garante o sucesso de um empreendimento. É evidente que ter um plano de ação aumenta significativamente as possibilidades de vitória. É de observar ainda que, além da aplicação sistemática do somatório de todos os passos planejados é preciso conjugar também muita vontade e disposição para vencer.
A conquista do mundo de Deus é uma aventura que se inicia por uma leitura primária e geral do mundo a ser conquistado, objetivando-se a definição de uma região de interesse. Sobre esta se deve aprofundar o estudo, a fim de esclarecer os termos pretendidos. Em seguida, há que se priorizarem os sonhos que poderiam fazer parte do novo mundo e, dentre estes, escolher aquele que será realizado em primeiro lugar, ou, talvez, o único que venha a ser efetivamente executado. Então, é só fazer um bom plano de ação para alcançá-lo, escolher os parceiros adequados e por mãos à obra. Seguindo essa trajetória haverá grandes possibilidades de sucesso.
É o que se deseja. Sucesso!


1 O mundo de Deus

A Física afirma que não há possibilidade de dois corpos ocuparem o mesmo lugar no espaço. Todavia, do ponto de vista das individualidades, onde cada um valoriza o que quer, pode-se vislumbrar a existência de universos paralelos. Diz-se até que muitas pessoas se fecham em seus próprios mundos. Mas, na verdade, todos eles são substratos de um só, o qual guarda em seu âmago todos os demais. Didaticamente, poder-se-ía resumi-los em apenas dois: o mundo maravilhoso criado por Deus e o mundo imperfeito dos homens, composto por todos os submundos humanos, os quais são mutações do mundo divino, tentativas fracassadas de fazer dele um mundo melhor do que o de Deus.
A visualização geográfica da dualidade é perfeitamente possível. Por exemplo, voltando-se o olhar a um passado bem remoto, pode-se ter uma percepção do mundo de Deus, o qual, naquela época, era o que sobressaía. Hoje, somente se vê os termos dominado pelos homens. Naquele tempo, o homem vivia em companhia de Deus, em seu Jardim do Éden. Era formado pelo casal Adão e Eva. Todavia, tendo cometido um grave delito, foi expulso de lá. Desde então, tanto eles, quanto sua descendência têm vivido completamente separados do Criador no chamado mundo dos homens, mundo de dores ou vale de lágrimas.
A respeito da primeira transgressão humana ao plano pré-estabelecido por Deus, o relato bíblico diz que após a sua consumação, Adão e Eva ouviram a voz do Senhor Deus, que andava no jardim pela viração do dia e se esconderam da presença dele, por entre as árvores do jardim. Então o Senhor Deus chamou ao homem e lhe perguntou: Onde estás? Ele respondeu: Ouvi a tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo, e me escondi[6].
O desvio do caminho estabelecido produz o temor e traz a incerteza. Já não se sabe mais para onde se está indo. Seguir a Deus equivale a seguir um plano. Segundo Isaías, as iniqüidades do homem fazem separação entre ele e Deus; e os seus pecados encobrem o rosto divino, impedindo-o de ouvir o seu clamor[7].
O mundo de Deus é perfeito; é muito bom. Essa foi a auto-avaliação que Ele próprio fez ao término de sua grande obra. Foi criado e abençoado para produzir tudo o que de melhor poderia existir em benefício do homem. Por tudo isso, inclusive, ele tem sido chamado de Paraíso. Diz a Bíblia que no princípio, criou Deus os céus e a terra. Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. E Deus os abençoou [...]. E disse Deus ainda: Eis que vos tenho dado todas as ervas que dão semente e se acham na superfície de toda a terra e todas as árvores em que há fruto que dê semente; isso vos será para mantimento. E a todos os animais da terra, e a todas as aves dos céus, e a todos os répteis da terra, em que há fôlego de vida, toda erva verde lhes será para mantimento. E assim se fez. Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom[8].
Já o mundo dos homens é uma tristeza. É árduo e espinhoso. Tem uma origem maldita. Resultou da insatisfação do homem com o mundo perfeito de Deus. Ele é para o homem uma espécie de prisão, um lugar de cumprimento de sua sentença de morte previamente definida pelo Senhor. Não é um lugar para se viver. É um campo para sobreviver. É de lembrar que após a conclusão do processo de conhecimento e julgamento do delito cometido pelo homem, este foi expulso do Paraíso para viver nesse novo mundo, exatamente como soe acontecer com aqueles que desrespeitam as leis e se tornam marginais da sociedade, quando são isolados dos demais para cumprirem suas penas nos presídios ou colônias penais. Além disso, é de ver que esse mundo, concomitantemente, também jaz no maligno e está reservado para o fogo eterno.
E o SENHOR Deus lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás (Gn 2:16-17). E a Adão disse: Visto que atendeste a voz de tua mulher e comeste da árvore que eu te ordenara não comesses, maldita é a terra por tua causa; em fadigas obterás dela o sustento durante os dias de tua vida. Ela produzirá também cardos e abrolhos, e tu comerás a erva do campo (Gn 3:17-18). O SENHOR Deus, por isso, o lançou fora do jardim do Éden, a fim de lavrar a terra de que fora tomado (Gn 3:23). Porque a terra que absorve a chuva que freqüentemente cai sobre ela e produz erva útil para aqueles por quem é também cultivada recebe bênção da parte de Deus; mas, se produz espinhos e abrolhos, é rejeitada e perto está da maldição; e o seu fim é ser queimada (Hb 6:7-8). Sabemos que somos de Deus e que o mundo inteiro jaz no Maligno (1 Jo:5:19). Ora, os céus que agora existem e a terra, pela mesma palavra, têm sido entesourados para fogo, estando reservados para o Dia do Juízo e destruição dos homens ímpios (2 Pe 3:7).
Que destino terrível paira sobre o mundo dos homens! E é exatamente por isso que não devemos ter por ele essa grande paixão que muitos demonstram ter. Não há razão para tal apego. O que deve absorver todo o nosso empenho é a conquista do verdadeiro, perfeito e maravilhoso mundo de Deus. Esse, sim, é um mundo que vale a pena descobrir, conquistar e dominar como desde o princípio foi o desejo do nosso Criador.
Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra (Gn 1:27-28).
Ambos os mundos são incomparáveis. Poderíamos até dizer que um nos antecipa o Paraíso, o outro nos dá uma pequena amostra do Inferno. Não é à toa que para o mundo dos homens, foi expulso Satanás, o qual é também conhecido como o anjo rebelde, o Diabo, o dragão e a serpente que enganou Eva. Aqui ele se tornou príncipe e senhor.
Por isso, festejai, ó céus, e vós, os que neles habitais. Ai da terra e do mar, pois o diabo desceu até vós, cheio de grande cólera, sabendo que pouco tempo lhe resta (Ap 12:12). Então, vi descer do céu um anjo; tinha na mão a chave do abismo e uma grande corrente. Ele segurou o dragão, a antiga serpente, que é o diabo, Satanás, e o prendeu por mil anos (Ap 20:1-2). [Dele disse Jesus]: Já não falarei muito convosco, porque aí vem o príncipe do mundo; e ele nada tem em mim (Jo 14:30
O mundo dos homens não merece ser objeto de nossa conquista. No entanto, como já se disse, ele guarda em seu âmago a essência do mundo tão desejado. Um mundo onde não existe dor, lágrima, sofrimento, violência, poluição e que, infelizmente, o homem não possui capacidade de ver, sentir e perceber em sua plenitude, mesmo estando ele tão perto. O mundo perfeito não desapareceu. Graças a Deus, ele continua no mesmo lugar. Os olhos do homem é que se corromperam, encheram-se de escamas, tornando-se inaptos para merecer tão refulgente visão. Destarte, o mundo perfeito só é possível de se ver como que maquiado. Um dia, porém, cairão as escamas de seus olhos, bem como essa máscara de maquiagem que encobre o mundo. Então o homem será capaz de ver toda a extensão e perfeição. Assim diz o texto profético.
Então, se abrirão os olhos dos cegos, e se desimpedirão os ouvidos dos surdos; os coxos saltarão como cervos, e a língua dos mudos cantará; pois águas arrebentarão no deserto, e ribeiros, no ermo. A areia esbraseada se transformará em lagos, e a terra sedenta, em mananciais de águas; onde outrora viviam os chacais, crescerá a erva com canas e juncos. E ali haverá bom caminho, caminho que se chamará o Caminho Santo; o imundo não passará por ele, pois será somente para o seu povo; quem quer que por ele caminhe não errará, nem mesmo o louco. Ali não haverá leão, animal feroz não passará por ele, nem se achará nele; mas os remidos andarão por ele. Os resgatados do SENHOR voltarão e virão a Sião com cânticos de júbilo; alegria eterna coroará a sua cabeça; gozo e alegria alcançarão, e deles fugirá a tristeza e o gemido (Is 35:6-9).
Isso, sem dúvida, irá acontecer um dia. Todavia, não é necessário esperar a chegada desse tempo para que se inicie a conquista. Pode-se começar essa tarefa já, agora. É algo que depende apenas de cada um. Basta que se prepare adequadamente para a empresa e se ponha mãos à obra. Não é preciso destacar que essa é uma empresa que vale a pena, com toda a certeza.
Que Deus conceda o ânimo necessário para essa grande aventura.


2 O objeto da conquista

O mundo maravilhoso de Deus é material. Diz o texto sagrado que Deus o criou e nele colocou o homem com a incumbência de conquistá-lo e dominá-lo. Sim, porque somente se pode dominar sobre aquilo que se conquistar. Logo, a ordem do domínio traz o pressuposto da conquista. Todavia, a par das diversas leituras que podem ser verificadas, é de ver que existe certa dificuldade por parte do homem para estabelecer a configuração do seu objeto de conquista.
Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom. Houve tarde e manhã, o sexto dia (Gn 1:31). Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra (Gn 1:27-28).
Nesse sentido, é de destacar que o território a ser conquistado pelo homem está contido no reino de Deus, mas não é todo esse reino. Acima dos domínios inferiores, tanto os do homem, quanto os do mal, existe um único Rei, o Senhor Jesus.
Todavia, para nós há um só Deus, o Pai, de quem são todas as coisas e para quem existimos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós também, por ele (1 Co 8:6). Há um só Senhor, uma só fé, um só batismo (Ef 4:5).
A área de conquista, tampouco é o reino de Satanás. Por outro lado, também faz parte dele. Todavia, é menor. Satanás também tem um domínio espiritual e esse não deve ser objeto da pretensão humana.
Porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes (Ef 6:12).
Portanto, pode-se dizer que o alvo da conquista do homem não é nem o reino de Jesus, nem o reino de Satanás. Não é o primeiro, porque tanto Jesus quanto seu reino são eternos. Jesus é o Rei dos Reis e o Senhor dos Senhores. Seu reinado está acima de tudo. Não pode ser conquistado por ninguém. Deus não mandou que o homem fosse um usurpador do reino de Jesus, mas um conquistador do seu mundo maravilhoso. Os reinos dos homens são como sub-reinos do Reino Eterno, os quais podem ser conquistados, submetendo-se ao domínio imperial de Jesus. Por outro lado, o alvo não é o reino de Satanás, no sentido de se desejar o que ele conquistou, principalmente porque ele tem feito de tudo para deturpar os bons propósitos do Criador. No reino de Satanás, aquilo que Deus fez bom tem sido usado para o mal. Não é esse o propósito que o homem deve buscar. Nesse sentido, a conquista não é o reino de Satanás Por outro lado, embora antevendo a impossibilidade de sucesso de nossa parte, não há dúvida de que esse mundo que jaz no maligno também deve ser conquistado. Essa meta, provavelmente somente será alcançada por Jesus, quando ele estiver reinando neste mundo. Então o universo será transformado em um lugar segundo o padrão estabelecido pelo Criador, onde cada coisa criada, de acordo com sua essência, seja utilizada segundo as emanações do Reino Eterno. Além do mais, para se chegar ao verdadeiro é preciso desmistificar, desmascarar e escancarar, enfim, o mundo do mal, revelando suas mentiras e falsidades. Ao se vencer o mundo das aparências de Satanás, estar-se-á penetrando no mundo das essências e sabedorias de Deus.
Assim, ao Rei eterno, imortal, invisível, Deus único, honra e glória pelos séculos dos séculos. Amém! (1 Tm 1:17). Pois desta maneira é que vos será amplamente suprida a entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo (2 Pe 1:11). O reino, e o domínio, e a majestade dos reinos debaixo de todo o céu serão dados ao povo dos santos do Altíssimo; o seu reino será reino eterno, e todos os domínios o servirão e lhe obedecerão (Dn 7:27). Pelejarão eles contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, pois é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão também os chamados, eleitos e fiéis que se acham com ele (Ap 17:14). Tem no seu manto e na sua coxa um nome inscrito: REI DOS REIS E SENHOR DOS SENHORES (Ap 19:16). Eu sei e estou persuadido, no Senhor Jesus, de que nenhuma coisa é de si mesma impura, salvo para aquele que assim a considera; para esse é impura (Rm 14:14).
Pr outro lado, o mundo da conquista não deve ser confundido com o reino espiritual. Esse também deve ser conquistado, mas não é essa a alusão que ora se faz. Quando Deus criou o mundo e disse ao homem que o dominasse, certamente ele não estava falando de um mundo espiritual, mas do mundo físico que acabara de ser criado e que estava repleto de novidades maravilhosas que deveriam ser descobertas pelo homem ao longo do seu tempo de vida. Essa era a vontade de Deus. Ao invés de dar tudo de mão beijada, Ele dava ao homem a possibilidade de descobrir o que estava por detrás da criação. Ao invés de simplesmente dar o peixe, ensinava o homem a pescar. Um simples peixe, logo se comeria e logo se acabaria. A sabedoria do pescar poderia sempre proporcionar abundância de peixe na mesa do pescador. É por isso que Deus deu ênfase ao processo de descoberta e de domínio do conhecimento, porque isso proporcionaria ao homem uma constante melhoria na qualidade de sua vida. Esse era e é o objeto da conquista. É esse o maravilhoso mundo de Deus ao qual se está referindo aqui. É essa conquista que vem fazendo muitos homens descobrirem que “a Bíblia tinha razão” e que as coisas eram tais quais foram ali mencionadas.
As coisas encobertas pertencem ao SENHOR, nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem, a nós e a nossos filhos, para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei (Dt 29:29).
É de destacar que o reino espiritual é muito amplo. É evidente que absorve todos os demais reinos, mas não é apenas um deles. É a soma das partes, mas não é a parte. Essa idéia fica clara quando se recorda as falas de Jesus, tanto ante Pilatos quanto em sua oração sacerdotal. A referência dele é ao reino espiritual e não ao universo físico, mas que nem por isso deixa de ser também espetacular e cuja conquista implicará no domínio das maravilhas que foram deixadas por Deus na sua criação para apropriação por parte do homem.
O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus ministros se empenhariam por mim, para que não fosse eu entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui (Jo 18:36). Eu lhes tenho dado a tua palavra, e o mundo os odiou, porque eles não são do mundo, como também eu não sou. Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal. Eles não são do mundo, como também eu não sou (Jo 17:14-16).
Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos (Sl 19:1).
Não há dúvidas. O mundo de Deus a ser conquistado está repleto de conhecimentos. A conquista consiste na apropriação desse saber, o qual tanto está no exterior, quanto no interior. Há que se fazer olhares para o macro e também para o micro, para fora e para dentro. Mas sempre além das aparências. É preciso ver com outros olhos aquilo que sempre esteve visível. É preciso penetrar no mundo das essências de cada coisa. Aquele que for capaz de agir assim estará efetivamente conquistando o mundo que Deus deixou como objeto de satisfação das necessidades humanas.
É de concluir, portanto, que o objeto da conquista do homem em relação ao mundo de Deus refere-se, primordialmente ao conhecimento do universo físico. Aquele que tiver o conhecimento terá o poder; e o que tiver o poder dominará.
Que Deus nos abençoe para que sejamos grandes conquistadores do conhecimento.



3 O mundo dos sonhos

Um sonho. É preciso ter um sonho. Todos devem sonhar. A realidade nada mais é do que a materialização dos sonhos que são transformados em verdadeiros projetos de vida. Eles guardam escondidos os detalhes que fazem a diferença, nos lugares mais íntimos do inconsciente, onde não existem impossibilidades. Nos sonhos os homens deuses, super-heróis; criam asas, ressuscitam mortos. Ali as pessoas vão e vem como em passes de mágico. Crescem de uma hora para outra e no mesmo instante voltam a ser crianças outra vez. Nada é impossível. Nos sonhos, os homens têm a natureza de Deus. E para Deus não existe coisa demasiadamente maravilhosa. Todo aquele que crê tem possibilidades de remover montanhas, obstáculos, qualquer que seja a pedra que haja em seu caminho. Quem tem sonhos, tem a possibilidade de fazer milagres. Feito à imagem e semelhança de Deus, o homem tem dentro de si a capacidade para o infinito.
Teve José um sonho e o relatou a seus irmãos; por isso, o odiaram ainda mais. Pois lhes disse: Rogo-vos, ouvi este sonho que tive: Atávamos feixes no campo, e eis que o meu feixe se levantou e ficou em pé; e os vossos feixes o rodeavam e se inclinavam perante o meu.Então, lhe disseram seus irmãos: Reinarás, com efeito, sobre nós? E sobre nós dominarás realmente? E com isso tanto mais o odiavam, por causa dos seus sonhos e de suas palavras. Teve ainda outro sonho e o referiu a seus irmãos, dizendo: Sonhei também que o sol, a lua e onze estrelas se inclinavam perante mim. Contando-o a seu pai e a seus irmãos, repreendeu-o o pai e lhe disse: Que sonho é esse que tiveste? Acaso, viremos, eu e tua mãe e teus irmãos, a inclinar-nos perante ti em terra? (Gn 3&:5-10) Passadas estas coisas, aconteceu que o mordomo do rei do Egito e o padeiro ofenderam o seu senhor, o rei do Egito. Indignou-se Faraó contra os seus dois oficiais, o copeiro-chefe e o padeiro-chefe. E mandou detê-los na casa do comandante da guarda, no cárcere onde José estava preso. O comandante da guarda pô-los a cargo de José, para que os servisse; e por algum tempo estiveram na prisão. E ambos sonharam, cada um o seu sonho, na mesma noite; cada sonho com a sua própria significação, o copeiro e o padeiro do rei do Egito, que se achavam encarcerados. Vindo José, pela manhã, viu-os, e eis que estavam turbados. Então, perguntou aos oficiais de Faraó, que com ele estavam no cárcere da casa do seu senhor: Por que tendes, hoje, triste o semblante? Eles responderam: Tivemos um sonho, e não há quem o possa interpretar. Disse-lhes José: Porventura, não pertencem a Deus as interpretações? Contai-me o sonho. Então, o copeiro-chefe contou o seu sonho a José e lhe disse: Em meu sonho havia uma videira perante mim. E, na videira, três ramos; ao brotar a vide, havia flores, e seus cachos produziam uvas maduras. O copo de Faraó estava na minha mão; tomei as uvas, e as espremi no copo de Faraó, e o dei na própria mão de Faraó. Então, lhe disse José: Esta é a sua interpretação: os três ramos são três dias; dentro ainda de três dias, Faraó te reabilitará e te reintegrará no teu cargo, e tu lhe darás o copo na própria mão dele, segundo o costume antigo, quando lhe eras copeiro. Porém lembra-te de mim, quando tudo te correr bem; e rogo-te que sejas bondoso para comigo, e faças menção de mim a Faraó, e me faças sair desta casa; porque, de fato, fui roubado da terra dos hebreus; e, aqui, nada fiz, para que me pusessem nesta masmorra. Vendo o padeiro-chefe que a interpretação era boa, disse a José: Eu também sonhei, e eis que três cestos de pão alvo me estavam sobre a cabeça; e no cesto mais alto havia de todos os manjares de Faraó, arte de padeiro; e as aves os comiam do cesto na minha cabeça. Então, lhe disse José: A interpretação é esta: os três cestos são três dias; dentro ainda de três dias, Faraó te tirará fora a cabeça e te pendurará num madeiro, e as aves te comerão as carnes. No terceiro dia, que era aniversário de nascimento de Faraó, deu este um banquete a todos os seus servos; e, no meio destes, reabilitou o copeiro-chefe e condenou o padeiro-chefe. Ao copeiro-chefe reintegrou no seu cargo, no qual dava o copo na mão de Faraó; mas ao padeiro-chefe enforcou, como José havia interpretado (Gn 40:1-22). Então, Faraó mandou chamar a José, e o fizeram sair à pressa da masmorra; ele se barbeou, mudou de roupa e foi apresentar-se a Faraó. Este lhe disse: Tive um sonho, e não há quem o interprete. Ouvi dizer, porém, a teu respeito que, quando ouves um sonho, podes interpretá-lo. Respondeu-lhe José: Não está isso em mim; mas Deus dará resposta favorável a Faraó. Então, contou Faraó a José: No meu sonho, estava eu de pé na margem do Nilo, e eis que subiam dele sete vacas gordas e formosas à vista e pastavam no carriçal. Após estas subiam outras vacas, fracas, mui feias à vista e magras; nunca vi outras assim disformes, em toda a terra do Egito. E as vacas magras e ruins comiam as primeiras sete gordas; e, depois de as terem engolido, não davam aparência de as terem devorado, pois o seu aspecto continuava ruim como no princípio. Então, acordei. Depois, vi, em meu sonho, que sete espigas saíam da mesma haste, cheias e boas; após elas nasceram sete espigas secas, mirradas e crestadas do vento oriental. As sete espigas mirradas devoravam as sete espigas boas. Contei-o aos magos, mas ninguém houve que mo interpretasse. Então, lhe respondeu José: O sonho de Faraó é apenas um; Deus manifestou a Faraó o que há de fazer. As sete vacas boas serão sete anos; as sete espigas boas, também sete anos; o sonho é um só. As sete vacas magras e feias, que subiam após as primeiras, serão sete anos, bem como as sete espigas mirradas e crestadas do vento oriental serão sete anos de fome. Esta é a palavra, como acabo de dizer a Faraó, que Deus manifestou a Faraó que ele há de fazer. Eis aí vêm sete anos de grande abundância por toda a terra do Egito. Seguir-se-ão sete anos de fome, e toda aquela abundância será esquecida na terra do Egito, e a fome consumirá a terra; e não será lembrada a abundância na terra, em vista da fome que seguirá, porque será gravíssima. O sonho de Faraó foi dúplice, porque a coisa é estabelecida por Deus, e Deus se apressa a fazê-la. Agora, pois, escolha Faraó um homem ajuizado e sábio e o ponha sobre a terra do Egito. Faça isso Faraó, e ponha administradores sobre a terra, e tome a quinta parte dos frutos da terra do Egito nos sete anos de fartura. Ajuntem os administradores toda a colheita dos bons anos que virão, recolham cereal debaixo do poder de Faraó, para mantimento nas cidades, e o guardem. Assim, o mantimento será para abastecer a terra nos sete anos da fome que haverá no Egito; para que a terra não pereça de fome. O conselho foi agradável a Faraó e a todos os seus oficiais. Disse Faraó aos seus oficiais: Acharíamos, porventura, homem como este, em quem há o Espírito de Deus? Depois, disse Faraó a José: Visto que Deus te fez saber tudo isto, ninguém há tão ajuizado e sábio como tu. Administrarás a minha casa, e à tua palavra obedecerá todo o meu povo; somente no trono eu serei maior do que tu. Disse mais Faraó a José: Vês que te faço autoridade sobre toda a terra do Egito. Então, tirou Faraó o seu anel de sinete da mão e o pôs na mão de José, fê-lo vestir roupas de linho fino e lhe pôs ao pescoço um colar de ouro. E fê-lo subir ao seu segundo carro, e clamavam diante dele: Inclinai-vos! Desse modo, o constituiu sobre toda a terra do Egito. Disse ainda Faraó a José: Eu sou Faraó, contudo sem a tua ordem ninguém levantará mão ou pé em toda a terra do Egito (Gn 41:14-44). Ah! SENHOR Deus, eis que fizeste os céus e a terra com o teu grande poder e com o teu braço estendido; coisa alguma te é demasiadamente maravilhosa (Jr 32:17). Ao que lhe respondeu Jesus: Se podes! Tudo é possível ao que crê (Mc 9:23). E ele lhes respondeu: Por causa da pequenez da vossa fé. Pois em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele passará. Nada vos será impossível (Mt 17:20). Jesus, porém, lhes respondeu: Em verdade vos digo que, se tiverdes fé e não duvidardes, não somente fareis o que foi feito à figueira, mas até mesmo, se a este monte disserdes: Ergue-te e lança-te no mar, tal sucederá (Mt 21:21). Respondeu-lhes o Senhor: Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta amoreira: Arranca-te e transplanta-te no mar; e ela vos obedecerá (Lc 17:6).
A vida de cada um é a realização de um sonho, um que antes parecia ser impossível, mas que realmente aconteceu. E quando alguém conta parte de suas experiências, certamente o faz em agradecimento a tudo o que recebeu de seus ancestrais, cumprindo uma parte da minha responsabilidade social, legando-as como exemplos para as novas gerações, como estímulos para a crença nas possibilidades. O presente somente é possível porque ele é a soma dos sonhos realizados pelos antepassados. Nunca se deve desanimar de atingir as metas estabelecidas, por mais que elas pareçam difíceis de serem atingidas. Não se desiste de um sonho. Pode-se até adiar um pouco a sua realização, mas jamais se deve esmorecer diante das dificuldades. Se isso acontecer, ele morre e com ele também morre o sonhador.
Não que eu o tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição; mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus. Prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus (Fp 3:12, 14). Disse-lhes Jesus uma parábola sobre o dever de orar sempre e nunca esmorecer: Havia em certa cidade um juiz que não temia a Deus, nem respeitava homem algum. Havia também, naquela mesma cidade, uma viúva que vinha ter com ele, dizendo: Julga a minha causa contra o meu adversário. Ele, por algum tempo, não a quis atender; mas, depois, disse consigo: Bem que eu não temo a Deus, nem respeito a homem algum; todavia, como esta viúva me importuna, julgarei a sua causa, para não suceder que, por fim, venha a molestar-me. Então, disse o Senhor: Considerai no que diz este juiz iníquo. Não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que a ele clamam dia e noite, embora pareça demorado em defendê-los? Digo-vos que, depressa, lhes fará justiça. Contudo, quando vier o Filho do Homem, achará, porventura, fé na terra? (Lc 18:1-8). Ao anjo da igreja em Éfeso escreve: Estas coisas diz aquele que conserva na mão direita as sete estrelas e que anda no meio dos sete candeeiros de ouro: Conheço as tuas obras, tanto o teu labor como a tua perseverança, e que não podes suportar homens maus, e que puseste à prova os que a si mesmos se declaram apóstolos e não são, e os achaste mentirosos; e tens perseverança, e suportaste provas por causa do meu nome, e não te deixaste esmorecer (Ap 2:1-3).
A desistência é o último suspiro de um homem. É a perda da fé, da esperança e de tudo o que dá sentido à vida. A ordem do Criador é para que o homem cresça, avance e seja vencedor. Ele tem as coroas da vitória para dar a cada um que atinge a reta final. E veja um detalhe de suma importância: as coroas são de ouro, prata e bronze. Mas vencedor de verdade não quer saber de bronze. É ouro ou prata. Ninguém participa pensando em ser o último. Essa história de que “a vitória não importa, pois o que vale mesmo é competir”, não pertence ao universo de um sonhador, de um que “faz a hora e não espera acontecer”. Neste mundo, pode-se até ser o segundo, mas o terceiro lugar sabe-se que não significa nada.
Bem-aventurado o homem que suporta, com perseverança, a provação; porque, depois de ter sido aprovado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam (Tg 1:12). Não temas as coisas que tens de sofrer. Eis que o diabo está para lançar em prisão alguns dentre vós, para serdes postos à prova, e tereis tribulação de dez dias. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida (Ap 2:20). Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao vencedor, dar-lhe-ei que se alimente da árvore da vida que se encontra no paraíso de Deus. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao vencedor, dar-lhe-ei do maná escondido, bem como lhe darei uma pedrinha branca, e sobre essa pedrinha escrito um nome novo, o qual ninguém conhece, exceto aquele que o recebe. Ao vencedor, que guardar até ao fim as minhas obras, eu lhe darei autoridade sobre as nações, Ao vencedor, fá-lo-ei coluna no santuário do meu Deus, e daí jamais sairá; gravarei também sobre ele o nome do meu Deus, o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém que desce do céu, vinda da parte do meu Deus, e o meu novo nome. Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como também eu venci e me sentei com meu Pai no seu trono (Ap 2:7, 17, 26; 3: 12, 21).
O homem não foi criado para aproveitar as sobras dos outros. Ao nascer recebe a autoridade e o poder para construir lindas histórias de sucesso em sua vida. Com certeza, todas as pessoas têm participado de muitas histórias maravilhosas ao lado de outros grandes vencedores. E é certo que, ao deixar essa vida, muitos terão os seus nomes gravados no panteão da história, como exemplos de quem acreditou que os sonhos marcam o início de todas as realizações. E que por isso sonharam. Sonharam muito e viveram e construíram muito mais.
Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou (Rm 8:37).
Não se veja o vencedor que conta sua história de sucesso, como se ele fosse um fanfarrão. Veja-o como um otimista. Se suas histórias não forem parecidas com aquilo que ele está deixando transparecer, não pense que ele tenha fracassado. Apenas acredite que é possível construir uma história de vida ainda melhor. Aquele que testemunha sobre sua história de sucesso tem o objetivo de animar e desafiar às presentes e futuras gerações a construírem histórias melhores do que as suas. Ele sabe que se conseguir isso, então terá, de fato, consolidado a sua vitória. A verdadeira vitória não aquela de quem conclui uma carreira, senão aquela que consegue estimular a continuação, tendo em vista o surgimento de alguma coisa melhor nesse mundo. Vitorioso é aquele que consegue ter filhos que continuem a sua missão vida, como verdadeiros discípulos.
Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas, desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus. (Hb 12:1-2)
É de destacar que os pais não devem querer que os filhos sejam iguais a eles. Antes, que eles sejam maiores e melhores. É assim que deve ser. Eles somarão ao conhecimento e experiência da geração de seus pais tudo aquilo que for construído pela sua própria geração. Eles conhecerão as coisas novas que o amanhã lhes reservou e que seus pais sequer sonhavam ser possíveis.
Em verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço e outras maiores fará, porque eu vou para junto do Pai (Jo 14:12).
O mundo e a vida não são estáticos. Estão em constante transformação. Pode-se até sonhar e desejar para a vida que somente será possível para os filhos. Não é errado querer saber e conhecer as coisas que somente serão se materializarão no tempo deles. Mas, com certeza é pecado mortal querer aprisioná-los no mundo já realizado, tanto do presente, quanto do passado. Os filhos representam as novas possibilidades de vida. É possível até que um dia os que já morreram possam ser ressuscitados para habitar outra vez esse fantástico mundo que está sendo sonhado e construído por todos e para todos. Então a morte deixará de ser realidade e todos os homens viverão e serão felizes para sempre.
Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; e: Quem matar estará sujeito a julgamento. Eu, porém, vos digo que todo aquele que sem motivo se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento; e quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal; e quem lhe chamar: Tolo, estará sujeito ao inferno de fogo (Mt 5:21-22). Eis que vos digo um mistério: nem todos dormiremos, mas transformados seremos todos, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta. A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados (1 Co 15:51-52). Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe (Ap 21:1). Pois eis que eu crio novos céus e nova terra; e não haverá lembrança das coisas passadas, jamais haverá memória delas (Is 65:17). Porque, como os novos céus e a nova terra, que hei de fazer, estarão diante de mim, diz o SENHOR, assim há de estar a vossa posteridade e o vosso nome (Is 66:22). Nós, porém, segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça (2 Pe 3:13).
Seja o que for e em qualquer que seja o lugar. O homem não deve medir esforços para construir e tornar realidade o mundo de seus sonhos. Que Deus o ajude nessa tarefa!



4 A escolha do sonho dos sonhos

É próprio do homem o desejo de ter uma vida de sucesso e plena de grandes realizações. Ele foi criado para o propósito de “crescer”, “dominar” e “encher” a Terra com suas ações. Para que isso seja possível, necessita controlar o saber, o conhecimento e a verdade a respeito das coisas que Deus deixou.
Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra (Gn 1:27-28).
Imprópria e falsa é a declaração de vontade desassociada de ações que possam torná-la uma realidade. O querer traz implícito o realizar. Aquele que realmente quer deve ser alguém que está disposto a fazer. Ou se quer ou se não quer. As duas idéias são antagônicas. Não serve o ficar em cima do muro. O que age dessa forma, não granjeia a confiança dos demais. É de notar que, a fim de conseguir transmitir confiabilidade, algumas pessoas têm o péssimo hábito de ficar prometendo e jurando por Deus e tudo o que é santo, de que aquilo que está dizendo é a verdade. Nada soa mais falso do que esse juramento.
Acima de tudo, porém, meus irmãos, não jureis nem pelo céu, nem pela terra, nem por qualquer outro voto; antes, seja o vosso sim sim, e o vosso não não, para não cairdes em juízo (Tg 5:12). Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca (Ap 3:16).
“Ah, o meu sonho é ser um médico!” – diz alguém. “Já o meu desejo é ser um missionário” – diz outro. Para ambos se diria: Que maravilha! E o que é que cada um de vocês tem feito para tornar esse desejo uma realidade?
Já se disse que é preciso ter sonhos, desejos, ambições. Estes serão os pontos de partida para a conquista do mundo maravilhoso de Deus. Mas não se pode ficar simplesmente sonhando o tempo todo. É preciso ter os pés no chão. Os homens são conquistadores e não meros sonhadores. Dentre os diversos sonhos e desejos do coração, deve-se eleger um em especial, o sonho da vida, um ao qual se envidará todos os esforços para torná-lo uma realidade. Deve ser algo que não cause vergonha se for levado à presença de Deus e sobre o que se poderá pedir-lhe ajuda para alcançar, haja vista que somente com as bênçãos dele se podem atingir os bons objetivos, bem como os bons desejos e os bons sonhos.
Na tua presença, Senhor, estão os meus desejos todos, e a minha ansiedade não te é oculta (Sl 38:9). Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo (Rm 7:18). Porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade (Fp 2:13).
Durante esse processo de consulta ao Senhor, não se pode olvidar de que Ele fala ao consulente de muitas maneiras. Além de sua Palavra Direta – a Bíblia -, Ele também pode se utilizar de pessoas conhecidas ou estranhas, crentes ou não e até mesmo de animais ou situações. Um bom exemplo é a história de Balaão:
Tendo partido os filhos de Israel, acamparam-se nas campinas de Moabe, além do Jordão, na altura de Jericó. Viu, pois, Balaque, filho de Zipor, tudo o que Israel fizera aos amorreus; Moabe teve grande medo deste povo, porque era muito; e andava angustiado por causa dos filhos de Israel; pelo que Moabe disse aos anciãos dos midianitas: Agora, lamberá esta multidão tudo quando houver ao redor de nós, como o boi lambe a erva do campo. Balaque, filho de Zipor, naquele tempo, era rei dos moabitas. Enviou ele mensageiros a Balaão, filho de Beor, a Petor, que está junto ao rio Eufrates, na terra dos filhos do seu povo, a chamá-lo, dizendo: Eis que um povo saiu do Egito, cobre a face da terra e está morando defronte de mim. Vem, pois, agora, rogo-te, amaldiçoa-me este povo, pois é mais poderoso do que eu; para ver se o poderei ferir e lançar fora da terra, porque sei que a quem tu abençoares será abençoado, e a quem tu amaldiçoares será amaldiçoado. Então, foram-se os anciãos dos moabitas e os anciãos dos midianitas, levando consigo o preço dos encantamentos; e chegaram a Balaão e lhe referiram as palavras de Balaque. Balaão lhes disse: Ficai aqui esta noite, e vos trarei a resposta, como o SENHOR me falar; então, os príncipes dos moabitas ficaram com Balaão. Veio Deus a Balaão e disse: Quem são estes homens contigo? Respondeu Balaão a Deus: Balaque, rei dos moabitas, filho de Zipor, os enviou para que me dissessem: Eis que o povo que saiu do Egito cobre a face da terra; vem, agora, amaldiçoa-mo; talvez eu possa combatê-lo e lançá-lo fora. Então, disse Deus a Balaão: Não irás com eles, nem amaldiçoarás o povo; porque é povo abençoado. Levantou-se Balaão pela manhã e disse aos príncipes de Balaque: Tornai à vossa terra, porque o SENHOR recusa deixar-me ir convosco. Tendo-se levantado os príncipes dos moabitas, foram a Balaque e disseram: Balaão recusou vir conosco. De novo, enviou Balaque príncipes, em maior número e mais honrados do que os primeiros, os quais chegaram a Balaão e lhe disseram: Assim diz Balaque, filho de Zipor: Peço-te não te demores em vir a mim, porque grandemente te honrarei e farei tudo o que me disseres; vem, pois, rogo-te, amaldiçoa-me este povo. Respondeu Balaão aos oficiais de Balaque: Ainda que Balaque me desse a sua casa cheia de prata e de ouro, eu não poderia traspassar o mandado do SENHOR, meu Deus, para fazer coisa pequena ou grande; agora, pois, rogo-vos que também aqui fiqueis esta noite, para que eu saiba o que mais o SENHOR me dirá. Veio, pois, o SENHOR a Balaão, de noite, e disse-lhe: Se aqueles homens vieram chamar-te, levanta-te, vai com eles; todavia, farás somente o que eu te disser. Então, Balaão levantou-se pela manhã, albardou a sua jumenta e partiu com os príncipes de Moabe. Acendeu-se a ira de Deus, porque ele se foi; e o Anjo do SENHOR pôs-se-lhe no caminho por adversário. Ora, Balaão ia caminhando, montado na sua jumenta, e dois de seus servos, com ele. Viu, pois, a jumenta o Anjo do SENHOR parado no caminho, com a sua espada desembainhada na mão; pelo que se desviou a jumenta do caminho, indo pelo campo; então, Balaão espancou a jumenta para fazê-la tornar ao caminho. Mas o Anjo do SENHOR pôs-se numa vereda entre as vinhas, havendo muro de um e outro lado. Vendo, pois, a jumenta o Anjo do SENHOR, coseu-se contra o muro e comprimiu contra este o pé de Balaão; por isso, tornou a espancá-la. Então, o Anjo do SENHOR passou mais adiante e pôs-se num lugar estreito, onde não havia caminho para se desviar nem para a direita, nem para a esquerda. Vendo a jumenta o Anjo do SENHOR, deixou-se cair debaixo de Balaão; acendeu-se a ira de Balaão, e espancou a jumenta com a vara. Então, o SENHOR fez falar a jumenta, a qual disse a Balaão: Que te fiz eu, que me espancaste já três vezes? Respondeu Balaão à jumenta: Porque zombaste de mim; tivera eu uma espada na mão e, agora, te mataria. Replicou a jumenta a Balaão: Porventura, não sou a tua jumenta, em que toda a tua vida cavalgaste até hoje? Acaso, tem sido o meu costume fazer assim contigo? Ele respondeu: Não. Então, o SENHOR abriu os olhos a Balaão, ele viu o Anjo do SENHOR, que estava no caminho, com a sua espada desembainhada na mão; pelo que inclinou a cabeça e prostrou-se com o rosto em terra. Então, o Anjo do SENHOR lhe disse: Por que já três vezes espancaste a jumenta? Eis que eu saí como teu adversário, porque o teu caminho é perverso diante de mim; a jumenta me viu e já três vezes se desviou de diante de mim; na verdade, eu, agora, te haveria matado e a ela deixaria com vida. Então, Balaão disse ao Anjo do SENHOR: Pequei, porque não soube que estavas neste caminho para te opores a mim; agora, se parece mal aos teus olhos, voltarei (Nm 21:1-34).
Também o autor de Hebreus destaca as diversas maneiras pelas quais Deus se comunica com os homens.
Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo (Hb 1:1-2).
Deve-se estar atento para a orientação divina. Não há que se ter pressa na decisão a ser tomada. Deve-se pensar bem no que se quer e ver se o decidido é realmente a melhor escolha, para que não ocorra de se ficar andando de um lado para outro, indo e voltando, começando tantas coisas diferentes sem concluir nenhuma.
Não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro (Ef 4:14).
Por outro lado, o fato de se escolher algo para realizar, não quer dizer que não se possa fazer outras escolhas. É certo que se pode realizar muitos outros sonhos e fazer muitas outras coisas boas durante a vida, mas cada coisa deve ser feita ao seu tempo. É preciso ter ciência de que não se terá condições de fazer tudo o que se deseja de uma só vez. E, se não for feita uma seleção daquilo que é o mais importante e se não for estabelecida uma escala de valores e de prioridades, é passível de se cair no desespero de Marta, entrar em depressão e conhecer o fracasso.
Marta agitava-se de um lado para outro, ocupada em muitos serviços. Então, se aproximou de Jesus e disse: Senhor, não te importas de que minha irmã tenha deixado que eu fique a servir sozinha? Ordena-lhe, pois, que venha ajudar-me (Lc 10:40).
É preciso ter em mente que a orientação divina é clara. Não há dúvidas quando o Senhor fala.
Porque Deus não é de confusão, e sim de paz (1 Co 14:33). Pois, onde há inveja e sentimento faccioso, aí há confusão e toda espécie de coisas ruins (Tg 3:16).
Se não conseguir fechar a escolha é melhor não avançar. O bom conselho é para que se volte à oração e aos instrumentos divinos de esclarecimento. Isso deve ser feito até que se tenha plena convicção de que se está no caminho certo. Como diz o Pregador:
Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu: há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou; tempo de matar e tempo de curar; tempo de derribar e tempo de edificar; tempo de chorar e tempo de rir; tempo de prantear e tempo de saltar de alegria; tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar e tempo de afastar-se de abraçar; tempo de buscar e tempo de perder; tempo de guardar e tempo de deitar fora; tempo de rasgar e tempo de coser; tempo de estar calado e tempo de falar; tempo de amar e tempo de aborrecer; tempo de guerra e tempo de paz (Ec. 3:1-7)
Esse é o primeiro norte, o qual culmina com a escolha decisiva do sonho que ocupará senão toda, pelo menos a maior parte da vida daquele que estiver imbuído do propósito de executar um criterioso projeto de conquista do grande e maravilhoso mundo de Deus.
Porém, se vos parece mal servir ao SENHOR, escolhei, hoje, a quem sirvais: se aos deuses a quem serviram vossos pais que estavam dalém do Eufrates ou aos deuses dos amorreus em cuja terra habitais. Eu e a minha casa serviremos ao SENHOR (Js 24:15).
Que esse seja o sonho de cada um de nós. Amém!



5 O projeto do sonho da vida

A concretização de um sonho na maioria das vezes leva uma vida inteira. Isso requer da pessoa que, após eleger aquilo que será a razão de sua existência, envide em tal objeto todos os investimentos possíveis para a sua realização. Destarte, é bom que não haja desvios. Havendo-os, ocorrerão atrasos e, em muitos casos, o projeto ficará totalmente inviabilizado. Por isso é importante pensar bem antes de tomar a decisão, antes de escolher o sonho especial, para que não ocorra de se ter corrido em vão. O tempo que passa não se recupera. A caminhada na direção errada estará perdida para sempre. Veja-se, portanto, que antes de avançar um passo sequer, se tenha o cuidado de sentar e planejar toda a seqüência dos atos que serão necessários para atingir os objetivos desejados. Isso será imprescindível para que se tenha um bom êxito no empreendimento.
Pois qual de vós, pretendendo construir uma torre, não se assenta primeiro para calcular a despesa e verificar se tem os meios para a concluir? Para não suceder que, tendo lançado os alicerces e não a podendo acabar, todos os que a virem zombem dele, dizendo: Este homem começou a construir e não pôde acabar. Ou qual é o rei que, indo para combater outro rei, não se assenta primeiro para calcular se com dez mil homens poderá enfrentar o que vem contra ele com vinte mil? Caso contrário, estando o outro ainda longe, envia-lhe uma embaixada, pedindo condições de paz (Lc 14:28-32).
Não se pode perder de vista o fato de que a realização de um sonho seja uma verdadeira guerra, composta de muitos embates. Desejando ser bem sucedidos na empreitada, deve-se ter um projeto de vida muito bem elaborado. Há que se ter bem definido, por exemplo, o que se quer e o porquê desse querer, bem assim, o que se fará e o como se fará para alcançá-lo, ou seja, quais são os objetivos, as justificativas e os caminhos a serem percorridos para tornar o sonho da vida uma realidade.
Nenhum soldado em serviço se envolve em negócios desta vida, porque o seu objetivo é satisfazer àquele que o arregimentou (2 Tm 2:4).
A falta de clareza na definição dos alvos poderá implicar em afastamentos do caminho desejado. Muitos têm feito assim e se perderam. São tantos os exemplos nessa ótica, mas certamente o que denota isso com mais clareza é o caso de “Sodoma, e Gomorra, e as cidades circunvizinhas, que, havendo-se entregado à prostituição como aqueles, seguindo após outra carne, são postas para exemplo do fogo eterno, sofrendo punição” (Jd 1:7).
É de observar que a falta de objetivos conduz a um caminhar vago, onde não se sabe para onde se está indo. Nesse sentido todo caminho é caminho. E é por isso que muitos preferem seguir essa jornada sem compromisso, onde cada um faz o que bem quer e como quer. Todavia, é muito perigoso caminhar às cegas. A jornada pode terminar em algum dos tantos abismos que existem pela frente. De tal modo, não seria prematuro dizer que aquele que se conduz dessa forma, seja, no mínimo, um insensato, haja vista que o caminho do cego está em uma trajetória de colisão com a perdição, tanto material como espiritualmente falando.
Queres seguir a rota antiga, que os homens iníquos pisaram? Estes foram arrebatados antes do tempo; o seu fundamento, uma torrente o arrasta (Jó 22:15-16). Entrai pela porta estreita (larga é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz para a perdição, e são muitos os que entram por ela) (Mt 7:13). Deixai-os; são cegos, guias de cegos. Ora, se um cego guiar outro cego, cairão ambos no barranco (Mt 15:14).
Além de se definir o que se quer fazer na vida, também deve ser explicitado os porquês desse querer. Isso é muito importante, pois dará segurança para a execução das ações futuras. Não se deve agir como meninos, os quais são levados de um lado para outro por qualquer vento motivador. Deve-se caminhar com plena convicção de que não existe outra coisa melhor para se fazer do que aquilo que se está fazendo. Ao ser argüidos sobre os seus motivos, o conquistador deve ter uma resposta à altura. Como é ruim ver os filhos dizendo que não fazem isso ou aquilo porque “meu pai” ou “minha mãe” não deixa. Ou ainda pior: “não faço porque minha igreja não permite”. Essa argumentação é frágil por demais. E a vida de uma pessoa fundamentada em alicerces tais poderá ser ceifada por qualquer inimigo mais bem preparado.
Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar (1 Pe 5:8).
Se agir ou omitir nisso ou naquilo, que não seja porque os pais ou a igreja não permitiram, mas porque se entendeu que deveria ser dessa ou daquela maneira. Ninguém deverá responder pelos erros a não ser aqueles que erraram, ainda que outros possam tirar proveito dos acertos. É de péssima educação buscar jogar em cima dos outros a culpa pelos atos impensados. Isso é altamente passível de crítica. Nesse sentido, é bastante didático ver o que aconteceu em conseqüência do jogo de empurra-empurra que se deu no Jardim do Éden logo após a queda de Adão e Eva.
E chamou o SENHOR Deus ao homem e lhe perguntou: Onde estás? Ele respondeu: Ouvi a tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo, e me escondi. Perguntou-lhe Deus: Quem te fez saber que estavas nu? Comeste da árvore de que te ordenei que não comesses? Então, disse o homem: A mulher que me deste por esposa, ela me deu da árvore, e eu comi. Disse o SENHOR Deus à mulher: Que é isso que fizeste? Respondeu a mulher: A serpente me enganou, e eu comi. Então, o SENHOR Deus disse à serpente: Visto que isso fizeste, maldita és entre todos os animais domésticos e o és entre todos os animais selváticos; rastejarás sobre o teu ventre e comerás pó todos os dias da tua vida. Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar. E à mulher disse: Multiplicarei sobremodo os sofrimentos da tua gravidez; em meio de dores darás à luz filhos; o teu desejo será para o teu marido, e ele te governará. E a Adão disse: Visto que atendeste a voz de tua mulher e comeste da árvore que eu te ordenara não comesses, maldita é a terra por tua causa; em fadigas obterás dela o sustento durante os dias de tua vida. Ela produzirá também cardos e abrolhos, e tu comerás a erva do campo. No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó tornarás (Gn 3:9-19).
Não se deve olvidar de que cabe a cada um, com exclusividade, a responsabilidade por aquilo que praticar. Toda a recomendação é para induzir no sentido de que se deva preparar adequadamente para enfrentar o futuro desconhecido, a fim de que não seja pego desprevenido. Do ponto de vista material, aquele que possuir um bom planejamento terá muito mais possibilidades de sucesso do que qualquer outro que não tenha nada na mão. E do ponto vista espiritual, há diversas orientações no sentido de que se busque a devida qualificação para enfrentar as hostes espirituais do mal.
Portanto, assim te farei, ó Israel! E, porque isso te farei, prepara-te, ó Israel, para te encontrares com o teu Deus (Am 4:12). Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade (2 Tm 2:15).
Também é de se perguntar para onde se está indo: se para os céus, se para Roma. O ditado popular diz que todos os caminhos levam à grande cidade, chamada por muitos de “a grande Babilônia”, no sentido de que qualquer caminho leva para lá. Por outro lado, as reflexões mostram que esse “qualquer caminho” poderá levar, na verdade, ao abismo de perdição. Portanto, há que se ter cautela. Mesmo que aos olhos o caminho pareça bom, não se olvide de que às vezes as aparências enganam. Há somente um caminho que levará o homem ao nosso destino. À sua seleção se oporão todas as demais possibilidades. Se um caminho é o melhor, os outros não poderão ser. É de ver que se está falando da vida, um dos bem mais preciosos. Nesse sentido, não se pode tratar o assunto como se fosse uma questão de múltipla escolha. Há que tão somente seguir o caminho certo e, portanto, necessário se faz saber qual seja ele.
Seguiu-se outro anjo, o segundo, dizendo: Caiu, caiu a grande Babilônia que tem dado a beber a todas as nações do vinho da fúria da sua prostituição (Ap 14:8). Há caminho que ao homem parece direito, mas ao cabo dá em caminhos de morte (Pv 14:12). Para o sábio há o caminho da vida que o leva para cima, a fim de evitar o inferno, embaixo (Pv 15:24). Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim Jo 14:6).
Assim deverá ser o planejamento do sonho da vida, cuja importância e imprescindibilidade deverão ser reconhecidas, a fim de que se possa ao término da carreira, não somente ser considerados individualmente bem sucedidos, como também ser elogiados por se ter levado outros tantos companheiros a lograrem dos bons resultados de seu trabalho. Aí, sim, poder-se-á dizer juntamente com Paulo: “combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé” (2 Tm 4:7).


6 As parcerias

O caminho seguro e desejado pelo conquistador é definido no momento do planejamento, quando todas as hipóteses possíveis são levantadas e testadas racionalmente, optando-se por uma delas em detrimento de qualquer outra, com absoluta convicção de que é a melhor. Dessa forma o conquistador estará pronto para avançar, destacando-se, todavia, que, a exemplo do que deve ocorrer durante as fases de seleção do sonho que será transformado em projeto de conquista, essa etapa do processo também não dispensa as parcerias. Aliás, é de vital importância que se tenham bons consultores; pessoas de confiança, capacitadas em sua área de atuação, às quais se devem incluir no projeto, haja vista que a caminhada é sempre coletiva. Salvo raríssimas exceções, ninguém que anda sozinho é bem sucedido em sua trajetória. É de destacar que a solidão do homem nunca fez parte dos planos do Criador.
Disse mais o SENHOR Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea (Gn 2:18). Deus faz que o solitário more em família; tira os cativos para a prosperidade; só os rebeldes habitam em terra estéril (Sl 68:6). Porque se caírem, um levanta o companheiro; ai, porém, do que estiver só; pois, caindo, não haverá quem o levante (Ec 4:10).
É necessário que o conquistador seja humilde para reconhecer que precisa de outras pessoas em sua jornada. Alguém disse certa vez que “ninguém é tão sábio que não tenha alguma coisa para aprender com outrem ou tão simples que não tenha alguma coisa para ensinar aos demais”. A humildade não é um defeito; antes, é uma virtude apreciada por todas as pessoas e, principalmente por Deus.
Disse Moisés ao SENHOR: Por que fizeste mal a teu servo, e por que não achei favor aos teus olhos, visto que puseste sobre mim a carga de todo este povo? Concebi eu, porventura, todo este povo? Dei-o eu à luz, para que me digas: Leva-o ao teu colo, como a ama leva a criança que mama, à terra que, sob juramento, prometeste a seus pais? Donde teria eu carne para dar a todo este povo? Pois chora diante de mim, dizendo: Dá-nos carne que possamos comer. Eu sozinho não posso levar todo este povo, pois me é pesado demais. Se assim me tratas, mata-me de uma vez, eu te peço, se tenho achado favor aos teus olhos; e não me deixes ver a minha miséria. Disse o SENHOR a Moisés: Ajunta-me setenta homens dos anciãos de Israel, que sabes serem anciãos e superintendentes do povo; e os trarás perante a tenda da congregação, para que assistam ali contigo. Então, descerei e ali falarei contigo; tirarei do Espírito que está sobre ti e o porei sobre eles; e contigo levarão a carga do povo, para que não a leves tu somente (Nm 11:11-16). Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo (Fp 2:3). Sede todos de igual ânimo, compadecidos, fraternalmente amigos, misericordiosos, humildes (1 Pe 3:8). Rogo igualmente aos jovens: sede submissos aos que são mais velhos; outrossim, no trato de uns com os outros, cingi-vos todos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, contudo, aos humildes concede a sua graça. Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que ele, em tempo oportuno, vos exalte ( 1 Pe 5:5-6)
Admitindo-se a necessidade de companheiros, deve-se selecioná-los. O parceiro não pode ser qualquer um que se apresente para tanto. É importante ter bem clara essa definição. Há muitos que se acercam apenas com o propósito de tirar proveito da situação, mas sem qualquer capacidade e disposição para contribuir no desenvolvimento do projeto. Tais pessoas não passam de bajuladores e aproveitadores. Não servem para os propósitos do conquistador. É de destacar que os parceiros, além de serem pessoas com quem se possam aconselhar nos momentos de adversidade, devam ser companheiros de estradas e de lutas; pessoas capazes de ampliar as forças e as potencialidades do conquistador. Não há dúvidas de que isso somente será possível, se ambos – parceiro e conquistador – tiverem sonhos semelhantes. Então aquele será muito mais do que conselheiro e este mais do que conquistador; serão guerreiros imbatíveis da mesma causa.
Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores (Sl 1:1). Socorro, SENHOR! Porque já não há homens piedosos; desaparecem os fiéis entre os filhos (Sl 12:1). Se um irmão ou uma irmã estiverem carecidos de roupa e necessitados do alimento cotidiano, e qualquer dentre vós lhes disser: Ide em paz, aquecei-vos e fartai-vos, sem, contudo, lhes dar o necessário para o corpo, qual é o proveito disso? (Tg 2:15-16). Foi Roboão a Siquém, porque todo o Israel se reuniu lá, para o fazer rei. Tendo Jeroboão, filho de Nebate, ouvido isso (pois estava ainda no Egito, para onde fugira da presença do rei Salomão, onde habitava e donde o mandaram chamar), veio com toda a congregação de Israel a Roboão, e lhe falaram: Teu pai fez pesado o nosso jugo; agora, pois, alivia tu a dura servidão de teu pai e o seu pesado jugo que nos impôs, e nós te serviremos. Ele lhes respondeu: Ide-vos e, após três dias, voltai a mim. E o povo se foi. Tomou o rei Roboão conselho com os homens idosos que estiveram na presença de Salomão, seu pai, quando este ainda vivia, dizendo: Como aconselhais que se responda a este povo? Eles lhe disseram: Se, hoje, te tornares servo deste povo, e o servires, e, atendendo, falares boas palavras, eles se farão teus servos para sempre. Porém ele desprezou o conselho que os anciãos lhe tinham dado e tomou conselho com os jovens que haviam crescido com ele e o serviam. E disse-lhes: Que aconselhais vós que respondamos a este povo que me falou, dizendo: Alivia o jugo que teu pai nos impôs? E os jovens que haviam crescido com ele lhe disseram: Assim falarás a este povo que disse: Teu pai fez pesado o nosso jugo, mas tu alivia-o de sobre nós; assim lhe falarás: Meu dedo mínimo é mais grosso do que os lombos de meu pai. Assim que, se meu pai vos impôs jugo pesado, eu ainda vo-lo aumentarei; meu pai vos castigou com açoites, porém eu vos castigarei com escorpiões. Veio, pois, Jeroboão e todo o povo, ao terceiro dia, a Roboão, como o rei lhes ordenara, dizendo: Voltai a mim ao terceiro dia. Dura resposta deu o rei ao povo, porque desprezara o conselho que os anciãos lhe haviam dado; e lhe falou segundo o conselho dos jovens, dizendo: Meu pai fez pesado o vosso jugo, porém eu ainda o agravarei; meu pai vos castigou com açoites; eu, porém, vos castigarei com escorpiões (1 Rs 12:1-14).
A identificação entre as partes é de fundamental importância para o sucesso da empreitada, seja ela qual for: na política, nos negócios, nos relacionamentos amorosos, em tudo. É costume se ver o fracasso em algumas missões, simplesmente porque essa identificação não foi observada. Nesse sentido, é de saber bem com quem se faz as transações, as articulações e negociações, porque uma vez realizadas, dificilmente se pode voltar atrás sem que haja seqüelas. Quantos casamentos têm sido desfeitos porque os cônjuges não se harmonizavam! Quantas carreiras profissionais foram prejudicadas, porque as ideologias de patrão e dos empregados não se ajustavam!
Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos; porquanto que sociedade pode haver entre a justiça e a iniqüidade? Ou que comunhão, da luz com as trevas? (2 Co 6:14). Se dissermos que mantemos comunhão com ele e andarmos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade. Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado (1 Jo 1:6-7). Infiéis, não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus (Tg 4:4). Irmãos, falo como homem. Ainda que uma aliança seja meramente humana, uma vez ratificada, ninguém a revoga ou lhe acrescenta alguma coisa (Gl 3:15).
O conquistador vitorioso será aquele que for capaz de realizar as melhores parcerias possíveis. Muitas pessoas podem parecer à primeira vista, bons companheiros de viagem. Mas com o passar do tempo, o doce pode ficar amargo, azedo e imprestável. É preciso ter sabedoria para fazer as escolhas adequadas.
Há caminho que parece direito ao homem, mas afinal são caminhos de morte (Pv 16:25). Fui, pois, ao anjo, dizendo-lhe que me desse o livrinho. Ele, então, me falou: Toma-o e devora-o; certamente, ele será amargo ao teu estômago, mas, na tua boca, doce como mel. Tomei o livrinho da mão do anjo e o devorei, e, na minha boca, era doce como mel; quando, porém, o comi, o meu estômago ficou amargo (Ap 10:9-10). O justo serve de guia para o seu companheiro, mas o caminho dos perversos os faz errar (Pv 12:26). Quem anda com os sábios será sábio, mas o companheiro dos insensatos se tornará mau (Pv 13:20). O homem violento alicia o seu companheiro e guia-o por um caminho que não é bom (Pv 16:29). O que guarda a lei é filho prudente, mas o companheiro de libertinos envergonha a seu pai (Pv 28:7. O que rouba a seu pai ou a sua mãe e diz: Não é pecado, companheiro é do destruidor (Pv 28:24). O homem que ama a sabedoria alegra a seu pai, mas o companheiro de prostitutas desperdiça os bens (Pv 29:3). Flecha mortífera é a língua deles; falam engano; com a boca fala cada um de paz com o seu companheiro, mas no seu interior lhe arma ciladas (Jr 9:8).
Com o aumento da corrupção, da infidelidade, do desamor e tantas outras coisas semelhantes, é de concluir que, ao se pretender buscar parceiros para a conquista do mundo maravilhoso, o conquistador deve, antes de tudo, recorrer-se ao próprio Deus que fez o mundo. Então saberá quem serão aqueles que deverão ser selecionados para compartilhar a grande jornada.
Ide e consultai o SENHOR por mim e pelos restantes em Israel e Judá, acerca das palavras deste livro que se achou; porque grande é o furor do SENHOR, que se derramou sobre nós, porquanto nossos pais não guardaram as palavras do SENHOR, para fazerem tudo quanto está escrito neste livro (2 Cr 34:21). Irai-vos e não pequeis; consultai no travesseiro o coração e sossegai (Sl 4:4). Quando vos disserem: Consultai os necromantes e os adivinhos, que chilreiam e murmuram, acaso, não consultará o povo ao seu Deus? A favor dos vivos se consultarão os mortos? (Is 8:9) Buscai o SENHOR enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto (Is 55:6). Ai de mim! Porque estou como quando são colhidas as frutas do verão, como os rabiscos da vindima: não há cacho de uvas para chupar, nem figos temporãos que a minha alma deseja. Pereceu da terra o piedoso, e não há entre os homens um que seja reto; todos espreitam para derramarem sangue; cada um caça a seu irmão com rede. As suas mãos estão sobre o mal e o fazem diligentemente; o príncipe exige condenação, o juiz aceita suborno, o grande fala dos maus desejos de sua alma, e, assim, todos eles juntamente urdem a trama. O melhor deles é como um espinheiro; o mais reto é pior do que uma sebe de espinhos. É chegado o dia anunciado por tuas sentinelas, o dia do teu castigo; aí está a confusão deles. Não creiais no amigo, nem confieis no companheiro. Guarda a porta de tua boca àquela que reclina sobre o teu peito. Porque o filho despreza o pai, a filha se levanta contra a mãe, a nora, contra a sogra; os inimigos do homem são os da sua própria casa. Eu, porém, olharei para o SENHOR e esperarei no Deus da minha salvação; o meu Deus me ouvirá (Mq 7:1-7).


Conclusão

Essa é a sabedoria a respeito das parcerias para a conquista.


Referências Bibliográficas

[1] LANGSTON, A. B. L. Esboço de teologia sistemática. 6. ed. Rio de Janeiro: JUERP, 1980, p. 10.
[2] PASCAL, B. Frase atribuída ao filósofo, físico, matemático e escritor francês Blaise Pascal (1623-1662)
[3] FONTOURA, A. Introdução à sociologia. Porto Alegre: Globo, 1948, p. 4.
[4] Jacques Delors. Educação: um tesouro a descobrir. São Paulo: UNESCO, MEC, Cortez, 1999, pp. 89-102.
[5] Fp 2:3.
[6] Gn 3:8-10.
[7] Is 59:2.
[8] Gn 1:1, 27-31.

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