Sexagenário
E então eu cheguei aos sessenta em plena atividade.
Creio que posso ser considerado um trabalhador.
Desde os meus tempos de menino, eu fui preparado para ser um trabalhador.
Meu pai nunca nos deixou na moleza. Nos trabalhos da roça, fui o aguadeiro. Cuidava da cabaça, mantendo-a sempre cheia, saciando a sede da peonada de meu pai. Nos trabalhos com o carro de bois, meu pai foi o carreiro e eu fui o candieiro. Ainda me recordo de Sombreiro e Sobrado, a junta de bois de guia, bem treinada e que obedecia cegamente aos meus chamados: vem cá, Sombreiro; vem cá, Sobrado.
Fazenda da Mata, Pé da Serra. Eu e mano Waldomiro
Também trabalhei na foice e na enxada, a famosa mansinha, como era apelidada. Ajudava a carpir o quintal e roçar os pastos. Meu pai me avaliava como meio homem. O meu dia de serviços valia a metade do dia de um homem. Vivi no Pé da Serra, em Torixoréu, MT, até os dez anos, quando fui estudar em Alto Araguaia, MT.
Minhas Guarirobas
Em Alto Araguaia, eu limpava a minha sala de aula todos os dias, em troca das mensalidades. Também vendia bolos para minha tia Marina; guarirobas ou guerobas, como nós as chamávamos, para o meu tio Irani. Eu vendia tudo o que me punham nas mãos e ganhava o dinheiro para comprar meus lanches e materiais didáticos. Fiz isso por dois anos (1869-1970).
Em 1971 nós mudamos para Goiânia. Ali também eu vendi de tudo: picolés, frutas, água, chocolates, pirulito de açucar. Fiz frete de mão nas feiras livres. Trabalhei como office boy, balconista de padaria e de mercearia, fui arrumador de banca nas feiras livres e também trabalhei como servente de pedreiro, ajudante geral e ainda ajudei o Chico a furar cisternas.
Comecei a trabalhar de carteira assinada, em dezembro de 1976, quando tinha 18 anos. Meu primeiro emprego foi como cobrador de ônibus, na HP Transportes Coletivos, onde fiquei por pouco tempo. Aliás, é de ver que naqueles primeiros anos de minha maioridade exerci o labor em várias empresas de Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Mato Grosso. Eu ficava pouco tempo em cada emprego. E meus empregos eram servicinhos sem muita importância. A atividade mais relevante que eu exerci nesse período foi a de Professor de uma sala multisseriada na Fazenda Passo Fundo, município de Cuiabá, MT. Ah, sim! Também fui dono de uma mercearia em Goiânia, GO.
No alto do Morro da Mesa, em Poxoréu, MT, com meus parentes: Elieth, Flávia, Dionice, Aberaldo e Aparecida dos Anjos.
Em 01 de junho de 1981 comecei a trabalhar no DERMAT/RERO-5, em Poxoréu, MT. Em 01 de junho de 1985, também comecei a trabalhar na Prefeitura de Poxoréu, acumulando cargos públicos, onde exerci diversas funções. Em 17 de março de 1986, o Município assinou a minha Carteira de Trabalho como Supervisor de Educação. Em 1989 fiz concurso para Assistente Administrativo. Deixei o serviço público municipal em 2004, embora ainda tenha prestado alguns meses de serviço, posteriormente.
Poxoréu, MT
Desde 1983 eu passei a exercer a cátedra na rede estadual de ensino de Mato Grosso, mais precisamente na cidade de Poxoréu.. Até 1990, eu fui professor interino. Em maio daquele ano tomei posse como professor efetivo das séries iniciais do primeiro grau. Em 1998, quando concluí o curso de Pedagogia, fui enquadrado como Professor de Educação Básica. Em 2004 eu concluí a Licenciatura em Matemática e em 08 de agosto de 2007, tendo sido aprovado em novo concurso público, tomei posse também como professor de Matemática.
Em 28 de março de 2018 eu me aposentei na cadeira de Pedagogia. E, atualmente, já tendo tempo de contribuição mais do que suficiente (são mais de 35 anos), estou tentando me aposentar também na cadeira de Matemática, a qual ainda estou exercendo na Escola Profª Juracy Macêdo, em Poxoréu, MT.
Creio que posso ser considerado um escritor.
Sempre gostei de escrever, mas, somente em 1982 eu comecei a publicar os meus escritos. Comecei escrevendo no Jornal Estudantil A SEIVA, que circulava na Escola Pe. César Albisetti, onde eu estudava o curso de Magistério.
Upeninos: Izaias, Luís Carlos, João,Dona Antônia e Joaquim Moreira, Professora Elienor e Genivá, João Batista, Gaudêncio, Zendaide e Josélia.
Em 1983 eu fundei o Jornal Estudantil A Gazeta do Estudante, onde publicava as minhas ideias. Naquele mesmo eu fui convidado para assumir a Redação do Jornal Correio de Poxoréo, a ser mantido pela Prefeitura de Poxoréo. Aceitei o convite, começando as atividades em 01 de junho de 1983.
Ainda no ano de 1983, publiquei o livro Saudades e Melancolias, em co-autoria com Gaudêncio Filho Rosa de Amorim e Kautuzum de Araújo Coutinho.
Edições do Jornal O Upenino
Em 31 de março de 1988, eu presidi uma reunião de sete pessoas, na qual decidimos fundar a União Poxorense de Escritores (UPE). Éramos Aquilino Souza Silva, Joaquim Moreira, João de Sousa, Enir Arge Conceição, Genivá Bezerra, Kautuzum de Araújo Coutinho e eu.
A Upenina nº 06
Como upenino, membro da UPE, participei da publicação de dezenas de edições do Jornal O Upenino, bem como de sete edições da Revista A Upenina, sendo cinco impressas e duas eletrônicas.
Em 2004 participei como co-autor da edição do livro Antologia Poética: síntese da poesia upenina.
Por último, quero destacar as minhas publicações na rede mundial de computadores, onde mantenho alguns blogs, nos quais venho publicando todas as minhas novas produções, ao tempo em que estou tentando resgatar e publicar as produções mais antigas. Dentre minhas publicações eletrônicas mais recentes está o livro “A Família” - um conjunto de crônicas, artigos e poesias relacionadas com essa temática.
É de registrar, ainda, que tenho feito diversas publicações nos jornais da região, como A Gazeta, de Cuiabá; o Diário de Cuiabá; A Crônica, de Paranatinga; o Diário, de Primavera do Leste, o Noticiário Evangélico, de Campo Grande (MS), entre outros.
Eu creio também que posso ser chamado de um homem de Deus.
Acampamento Rio dos Crentes, propriedade da Igreja Neotestamentária
Por muitos anos eu fiz o que me deu na testa. Desenvolvi três vícios: café, tabaco e álcool. Usei e abusei, até o dia em que compreendi que precisava parar. E com a ajuda de Deus, eu parei. E desde então dedico grande parte de minha vida para as atividades espirituais.
Sou membro da Igreja Evangélica Neotestamentária de Poxoréu. É de dizer que essa foi a primeira igreja evangélica a instalar-se no Município de Poxoréu. Sua primeira sede ficava na atual Praça da Liberdade, no local onde hoje está instalada a Igreja Presbiteriana do Brasil, a qual assumiu o nosso trabalho naquele local a partir da década de quarenta.
Em 1981, com a minha família morando em Poxoréu, por incentivo do Pastor Manoel Francisco Paulo, nós decidimos reativar o trabalho neotestamentário nesta cidade. Fiz parte da primeira Diretoria, como Presidente da Mesa Administrativa. Inicialmente, nossas reuniões aconteciam em um barraco de palhas, no bairro Jardim Tropical, mas, desde 01 de junho de 1985, a Igreja está instalada na Rua Osvaldo Cândido Pereira nº 70, Bairro Lagoa I.
Em 1994, eu fui eleito Pastor, exercendo o ministério ao lado do Pastor Valmi Resplande de Sousa (meu primo). Hoje, continuo à frente do trabalho, dividindo as responsabilidades com os demais irmãos, mas somos bem poucos membros.
Creio que sou um homem de família.
Junto com a família nos meus 50 anos.
Sou filho de Marcelino Argemiro de Sousa e dona Maria Resplandes de Sousa. Sou casado com dona Maria de Lourdes Resplandes, filha de Sebastião Rodrigues de Andrade e Gasparina Rosa de Andrade. Tenho três filhos: Ricardo (o caçula), Mariza (a do meio) e Fernando Resplandes, cassado com Mariana Nascimento Resplandes, com a qual possui dois filhos, Davi e Arthur, meus lindos netinhos. Eu amo a todos por demais.
E então, agora sou um sexagenário.
E esse sou eu. Um sessentão feliz com sua vida, com sua família e com suas realizações. Acredito que ainda tem muita água para correr no rio de minha existência. Estou forte, ativo, bem disposto e com muita vontade de continuar na vida até o dia em que Deus quiser.
Tenho o desejo de publicar mais três livros, consolidando as minhas produções: Emoções (poesias); Crônicas Poxoreanas (reflexões sobre a vida em Poxoréu); e, O maravilhoso mundo de Deus (reflexões bíblicas). Isso não significa que deixarei de produzir. Pelo contrário, enquanto houver luz em meus olhos e minha mente estiver lúcida, jamais pretendo deixar de fazer alguma coisa em favor da minha família, dos meus amigos, da minha cidade e de meu país.
Gosto muito de estar em contato com a Natureza. Faço isso todo dia, na Mata do Vô, o quintal de minha casa em Poxoréu, onde cultivo um pouco de cada coisa. Tenho gosto de ver cada planta crescer, florescer e dar seus frutos. Eu pensava em ter uma fazenda, mas não cheguei a tanto. De forma que estou satisfeito em ter uma casa com um belo quintal. Não adianta ter muita terra e não fazer nada nela.
A terra precisa cumprir sua função social. Tem que produzir. Nós precisamos de alimentos, de flores, de frutos. A terra precisa ser bem cuidada para que possa nos atender em nossas necessidades.
Agradeço a Deus, aos familiares de perto e aos de longe, aos irmãos de fé e aos irmãos de lutas sociais e culturais, aos colegas de trabalho e a todos que participaram da minha vida, e que, de alguma forma, têm me ajudado a chegar ao topo dos meus sessenta anos.
Família: Izaias, Mariza, Fernando, Arthur, Davi, Mariana, Lourdes e Ricardo. Aniversário de 7 anos do Davi.
E depois disso, o que mais posso dizer? Creio que um bom pedido seja: e que venham outros sessenta, como complemento para a minha melhor idade! Obrigado.
Poxoréu, MT, 25 de maio de 2018.
Izaias Resplandes de Sousa, agora sexagenário.